Quarta greve geral contra Kirchner tem forte adesão na Argentina
Nenhum voo entra ou sai do país. Nenhuma atividade nos portos. Nenhum trem circula. Nenhum posto de gasolina está aberto. A quarta greve geral contra o governo da presidente Cristina Kirchner tem uma particularidade: ela nasceu e foi convocada por esses sindicatos. E, sem transporte, o país parou nesta terça-feira (31).
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires
Longe do frenesi habitual, a capital argentina é um deserto. Para completar, organizações sociais de esquerda bloqueiam as vias de acesso a Buenos Aires para impedir que qualquer um entre na cidade para trabalhar. Antes da meia-noite, enquanto os motoristas faziam longas filas para abastecerem, diversos cartazes eram colados nos muros da cidade: "Maldito Imposto ao Trabalho" exibem as letras garrafais.
Uma alteração no piso salarial a partir do qual se paga imposto de renda é a principal reivindicação. Para que um trabalhador receba em torno de 35% de aumento salarial, os sindicatos precisam conseguir cerca de 50% de aumento. A diferença é absorvida pelo imposto de renda. Num país em recessão, esse nível de reajuste salarial é praticamente impossível. E 35% de aumento pode parecer muito, mas apenas cobre a inflação anual. Sem uma alteração, a perda do poder de compra é inevitável e uma piora na recessão promete destruir postos de trabalho.
Apoio à paralisação é unânime
Há tanta unanimidade em torno do assunto na Argentina que, mesmo num país em que as Centrais Sindicais estão divididas a favor ou contra o governo. Aquelas que são a favor tiveram de liberar os seus sindicatos a aderirem à greve. Com isso, além dos transportes, parte dos professores, parte dos funcionários públicos e os bancos também participam do movimento.
O governo avisa que não pretende atender a reivindicação porque apenas 10% dos assalariados pagam imposto de renda. Mas os sindicalistas já planejam uma nova greve daqui a um mês. Desta vez, por 36 horas.
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