Zimbabué: Protestos reprimidos pela polícia
No Zimbabué as autoridades tinham proibido os protestos denunciando o agravamento da situação económica. A polícia acabou por dispersar na capital dezenas de manifestantes que, ainda assim, se tinham concentrado em Harare.
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O MDC, principal partido da oposição, tinha convocado para esta sexta-feira protestos nas ruas de Harare, capital do Zimbabué, contra o agravamento da situação económica do país.
Dezenas de manifestantes deslocaram-se para protestar, não obstante a proibição decretado pelo Governo. A polícia dispersou os manifestantes com gás lacrimogéneo e através de canhões de água.
Estes protestos ocorrem porque a situação económica tem piorado desde a chegada ao poder de Emmerson Mnangagwa. A inflação atingiu os 175% e faltam produtos básicos: farinha, pão, óleo e combustíveis. Estas necessidades poderão pôr em risco de fome a população do país.
António Simões é proprietário de um restaurante português em Harare, ele admite que a situação económica é mesmo muito difícil, com registo de falta de muitos bens e, mesmo, de ameaça de fome devido à seca nalgumas áreas.
“A situação económica é realmente grave e de certa forma incomportável. Não tendo sido autorizada a manifestação, realmente obriga e força as pessoas a irem para as ruas e protestarem. Temos zonas da cidade que estão com cerca de 18 horas de cortes de energia, para além dos combustíveis que faltam. [...] Não havendo reservas ou forma de reforçar a moeda ou as medidas financeiras que foram implementadas, dificilmente poderão sustentar-nos. Tem a ver tudo com aquilo que o país produz. As importações penso que sejam maiores do que aquilo que são as exportações daí se notar a falta de tudo. O responsável da União Europeia informou que a União Europeia iria disponibilizar cerca de 11 milhões de dólares ou de euros para fazer face a muitas zonas do país que atravessam seca extrema e nas quais existe muita falta de alimentos. Áreas essas em que as pessoas estão a passar fome”.
António Simões, português em Harare
Recorde-se que houve uma grande euforia no Zimbabué quando Emmerson Mnangagwa sucedeu a Robert Mugabe na Presidência em Novembro de 2017, e havia a ilusão que o país ia virar a página ‘Mugabe’.
No entanto a Amnistia Internacional, por exemplo, afirmou que o Governo de Mnangagwa usa "algumas das tácticas brutais” que já tinham sido observadas durante o período de Robert Robert Mugabe.
A repressão policial já causou mortes durante manifestações em Janeiro de 2019 contra o aumento do preço dos combustíveis.
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