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Mauritânia

Vésperas de presidenciais na Mauritânia

Terminou ontem a campanha para a primeira volta das eleições presidenciais deste Sábado com 6 candidatos em liça para suceder a Mohamed Ould Abdel Aziz, impedido pela Constituição de se recandidatar a um terceiro mandato. Nesta campanha dominada pela questão da luta pelos Direitos Humanos, sobressaíram o delfim do actual presidente, o general Mohamed Ould Ghazouani e, do outro lado do xadrez político, o opositor Mohamed Ould Boubacar, que já foi 2 vezes Primeiro-ministro.

Boletins de voto para a primeira volta das presidenciais deste 22 de Junho na Mauritânia.
Boletins de voto para a primeira volta das presidenciais deste 22 de Junho na Mauritânia. RFI/Paulina Zidi
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Diante de umas 10 mil pessoas reunidas no seu último comício de campanha ontem na capital, o candidato do poder, o general Mohamed Ould Ghazouani colocou "a segurança acima de tudo", assumindo-se como o candidato da continuidade da política do Presidente cessante. Impossibilitado de brigar um novo mandato, Mohamed Ould Abdel Aziz que interveio neste comício disse que "só há duas escolhas: o retrocesso, ou seja o extremismo, os desmandos e a instabilidade ou então o candidato que vai dar continuidade àquilo que foi conseguido", referindo-se ao seu antigo companheiro de armas e Chefe de Estado-Maior durante 10 anos como sendo "o futuro Presidente".

Chegado ao poder através de um golpe de estado em 2008 Mohamed Ould Abdel Aziz, fez-se eleger Presidente em 2009 e em seguida em 2014 aquando de um escrutínio boicotado pela oposição. Durante a sua década no poder, Ould Abdel Aziz reergueu o exército, desenvolveu as zonas recuadas da Mauritânia e apertou o controlo da população com punho de ferro, num país outrora palco de atentados jihadistas e raptos de estrangeiros.

Apesar da memória deste tempos terem sido o lema do poder na campanha que terminou ontem, na oposição, o candidato que tem mais sobressaído, o antigo Primeiro-ministro Mohamed Ould Boubacar considerou que "a maioria dos mauritanianos pretende virar a página destes últimos 10 anos". Apresentado como "candidato independente", Ould Boubacar tem o apoio de uma larga coligação encabeçada pelos islamistas do Tewassoul, principal partido de oposição. Tanto ele como os restantes candidatos de oposição que estão ligados pelo compromisso de se apoiarem respectivamente em caso de segunda volta no dia 6 de Julho, teceram advertências contra possíveis fraudes eleitorais.

Mais pormenores aqui.

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Véspera de eleições na Mauritânia

Com 4,5 milhões de habitantes, a Mauritânia conheceu um crescimento de 3,6% no ano passado e o Banco Mundial prevê um progresso médio de 6,2% para o período 2019-2021. Contudo, o BM considera que estes progressos são insuficientes à luz do crescimento demográfico do país, esta instituição apontando ainda a necessidade de progressos na luta contra a corrupção.

Outro desafio do país prende-se com as desigualdades entre as diversas comunidades que compõem o país, um problema aliás reconhecido pelo candidato do poder ao prometer ainda ontem "lutar contra as disparidades".

Mas acima de tudo, o outro grande desafio é constituído pelos Direitos Humanos e mais especificamente a problemática da escravatura. Proibido desde 1991, o trabalho forçado continua a ser uma realidade naquele país. De acordo com a ONG Slavery Index, em 2018, contabilizavam-se no país 90 mil pessoas vítimas desta prática, colocando a Mauritânia no 6° pior lugar a nível mundial. Atentas a esta situação, a Amnistia Internacional e umas 30 outras ONGs apelaram os seis candidatos a assinar um manifesto para se comprometerem a lutar contra esta prática.

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