Adiada eleição presidencial na Argélia sob botas do exército
Na Argélia, o conselho constitucional, considerou ontem impossível a realização da eleição presidencial a 4 de Julho e rejeitou as duas condidaturas em liça, para substituir, Abdel aziz Bouteflika, que se demitiu a 2 de Abril passado. O chefe de estado maior general das forças armadas, general Ahmed Gaïd Salah, o verdadeiro homem forte do regime, apelou a um consenso e ao diálogo.
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Argélia não está em condições de organizar eleições presidenciais a 4 de julho próximo, como estava previsto, decidiu o conselho constitucional, prolongando assim, a permanência no poder do presidente interino, Abdelkader Bensalah.
Bensalah, substituiu o ex-presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, forçado a abandonar o poder pelas manifestações de rua denunciando o seu regime autoritário.
Mas o actual presidente interino, Bensalah, devia ficar à frente do país, apenas 90 dias, o tempo de se organizar eleições presidenciais, marcadas para 4 de julho, e agora adiadas pela jurisdição constitucional.
Aiás o Conselho constitucional, não só anulou "de facto" o escrutínio presidencial, como invalidou as candidaturas dos dois únicos candidatos.
"O conselho constitucional, rejeita as duas candidaturas e anuncia por conseguinte a impossibilidade de realizar a eleição presidencial de 4 de julho, indicou a instituição judicial num comunicado.
Adiar eleições não conforta manifestantes
Este adiamento das eleições é uma vitória para os manifestantes que não as queriam ver realizadas a 4 de julho, continuando a pedir a queda de todo o sistema.
Mas, as manifestações de rua, não obtiveram o desmantelamento do sistema e a figura simbólica é o chefe do estado maior, general Ahmed Gaïd Salah, o verdadeiro homem forte do regime, que pediu calma no país.
"Adiar estas eleições é uma vitória para os manifestantes, uma vitória de alto risco", reagiu, Hasni Abidi, director do Centro de estudos e de investigação sobre o Mundo árabe e mediterrânico em Genebra.
"Com esta decisão o poder entra por uma via que não controla. O exército quer mostrar que demonstrou bom senso e fez uma concessão à rua intransigente", explicou o especialista.
Mas, na verdade, os militares querem paralisar os manifestantes e a classe política, que deixarão de ter pretexto para protestar nas ruas.
O general Ahmed Gaid Salah, que oficializa assim a sua posição de verdadeiro detentor do poder, desde a queda de Bouteflika, reclamou a semana passada "concessões mútuas" no quadro de um "diálogo".
Os militares estão apostados no cansaço dos manifestantes, durante as férias de Verão, adiando estas eleições, sem que o conselho constitucional, tenha anunciado uma nova data e o quadro das candidaturas.
De notar que os militares não queriam mais que duas candidaturas, enquanto os manifestantes exigiam eleições verdadeiramente pluralistas com mais candidaturas e a queda de todo o sistema, logo do próprio general, Gaid Salah.
Outra reivindicação dos manifestantes posta de lado era a Assembleia constituinte.
Conclusão: tudo volta à estaca zero, com os militares todos no poder, o conselho constitucional ao serviço do general Gaid Salah e os manifestantes contentes com o adiamento das eleições de 4 de julho, mas descontentes, porque, não foi avançada uma nova data e suas reivindicações ficam para as calendas gregas !
Eleições presidenciais adiadas de novo na Argélia
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