Oposição com único candidato nas presidenciais congolesas
Reunidos desde Sexta-feira na Suíça, os líderes da oposição do Congo Democrático anunciaram ontem ter escolhido um candidato único, o deputado Martin Fayulu, para enfrentar nas presidenciais de 23 de Dezembro Emmanuel Ramazani Shadary, o delfim do Presidente cessante, Joseph Kabila, que constitucionalmente jà não pode brigar mais nenhum mandato.
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Trata-se de algo inédito na história do país. Pela primeira vez, a oposição vai fazer frente comum. Ao fim de três dias de conversações sob a égide da Fundação Kofi Annan em Genebra, os 7 principais responsáveis da oposição congolesa designaram o empresário e deputado Martin Fayulu, um ilustre desconhecido a nível internacional face, por exemplo, a Félix Tshisekedi, líder da UDPS, União para a Democracia e o Progresso Social, que era tido como um dos favoritos.
Martin Fayulu, 62 anos, presidente do partido Ecidé -Empenho pela Cidadania e Desenvolvimento, foi por conseguinte o vencedor desta designação com duas voltas, entre as 4 figuras da oposição cuja candidatura não tinha sido invalidada pela Comissão Nacional Eleitoral.
Antigo encarregado de auditorias e em seguida director geral em vários países africanos da Mobil Oil Corporation entre 1984 e 2003, este responsável político que se assume como "social-liberal", fez-se conhecer durante os trabalhos da conferência nacional soberana entre 1991 e 1992, durante as quais se colocou um ponto final ao regime de partido único do ex-ditador Mobutu. Mas a sua entrada efectiva na vida política acontece em 2006, quando foi eleito deputado nacional e provincial em Kinshasa.
Conhecido por posicionamentos veementes e uma oposição feroz ao regime, será múltiplas vezes detido à margem de manifestações em Kinshasa e guarda também a marca de uma bala de borracha na cabeça. Mais recentemente, tem-se oposto firmemente à utilização das "máquinas para votar", engenhos que na óptica da oposição poderiam facilitar as fraudes nas presidenciais de Dezembro. Sobretudo, Martin Fayulu deixou a Assembleia Nacional 2017 por considerar que terminado o mandato dos parlamentares, bem como do Presidente da República em finais de 2016, não poderia continuar a ser deputado do que passou a qualificar de "Parlamento ilegítimo".
Refira-se ainda que em Agosto, após meses de especulações, a presidência tinha anunciado que Joseph Kabila não iria ser candidato à sua própria sucessão, devido à limitação de mandatos imposta pela Constituição congolesa. Nesta eleição já por duas vezes adiada desde 2016, devem ser chamados às urnas uns 43 milhões de eleitores.
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