Queixa contra banco francês por “cumplicidade de genocídio” no Ruanda
Três associações apresentam, hoje, uma queixa contra o banco francês BNP Paribas por “cumplicidade de genocídio, de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade” no âmbito do genocídio de 1994 no Ruanda.
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A associação Sherpa, o colectivo das partes civis para o Ruanda e a ONG Ibuka França acusam a BNP Paribas de ter permitido o “financiamento da compra de 80 toneladas de armas, tendo servido para a perpetração do genocídio”.
As três associações afirmam que a BNP "autorizou em Junho de 1994 duas transferências de fundos da conta que o Banco Nacional do Ruanda tinha no banco para uma conta do banco suíço UBP" em nome de Willem Tertius Ehlers, um intermediário sul-africano "proprietário nesta época de uma empresa de comércio de armas chamada Delta Aero".
De acordo com as associações, as transferências bancárias de 14 e de 16 de Junho de 1994 de mais de 1,3 milhões de dólares (1,14 milhões de euros) aconteceram numa altura em que a ONU tinha decretado um embargo sobre a entrega de armas ao Ruanda, onde tinha começado o genocídio dos Tutsi que faria 800.000 mortos entre abril e julho de 1994.
Depois das transferências, Willem Tertius Ehlers e o coronel ruandês hutu Théoneste Bagosora – depois condenado pelo Traibunal Penal Internacional – teriam concluído uma venda de armas às Seicheles. De acordo com as associações, as armas chegaram a Goma, no então Zaire, e foram transportadas para Gisenyi, no Ruanda.
O banco BNP Paribas indicou à agência AFP que “não tem elementos suficientes para comentar” a queixa.
Actualmente, uma comissão francesa de investigadores e de juízes especializados em crimes contra a Humanidade está a examinar 25 dossiers ligados ao genocídio do Ruanda.
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