"Solução militar" na Somália não basta, defende especialista
O ataque deste domingo a um hotel em Mogadíscio pelo grupo islamita Al-Shabab mostra que "a solução militar" na Somália não basta, explicou à RFI Alexandra Dias, do Instituto de Política e Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa. A especialista da Somália não critica a eficácia dos 22 mil homens da Missão da União Africana no país (AMISOM), ainda que cada ataque dos Al-Shabab coloque em causa “todos os esforços da AMISOM”.
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Este domingo, pelo menos 12 pessoas morreram no ataque a um grande hotel da capital somali Mogadíscio. O atentado foi perpetrado pelo grupo islmaita Al-Shabab que utilizou um carro armadilhado para abrir caminho para um comando armado entrar no hotel.
Entre os mortos estão um jornalista e um repórter de imagem, que teriam sido apanhados na explosão de um segundo carro-bomba.
Os Al-Shabab lutam para fazer cair o governo somali, tendo já feito vários ataques contra hotéis em Mogadíscio e contra locais associados ao poder ou à AMISOM.
O último atentado do grupo islamita remonta a 21 de Setembro quando pelo menos sete pessoas morreram vítimas da explosão de um veículo armadilhado junto à entrada da Villa Somalia, o complexo altamente vigiado que abriga a presidência e as instalações do primeiro-ministro.
Alexandra Dias, Professora Auxiliar no Instituto de Política e Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, alerta que a cada vez que o grupo al-shabab ataca na capital, “sao postos em causa todos os esforços da AMISOM”.
Alexandra Dias, Professora Auxiliar no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa
Para Alexandra Dias, “não é propriamente a AMISOM que não estará a funcionar”, sublinhando antes que “a grande liçao a retirar da continuidade e da persistência destes ataques [dos Al-Shabab] é que a solução militar não será nunca a solução última”.
Alexandra Dias, Professora Auxiliar no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa - Parte 2
Tentativa de estabilização antes das eleições pontuada pelos ataques dos Al-Shabab
A União Africana está a tentar acelerar a estabilização na Somália e neutralizar os Al-Shabab e outros grupos terroristas, meses antes das eleições de 2016.
A força foi criada em 2007 e conta atualmente com 22.000 soldados africanos, provenientes do Burundi, Djibuti, Quénia, Etiópia e Uganda, ajudando o exército somali no combate contra os Al-Shabab.
Ainda que os islamitas tenham retirado de Mogadíscio em 2011 - e depois, da maioria dos bastiões que controlavam no sul e no centro da Somália - eles conservam, ainda, vastas zonas rurais.
Em Junho e em Setembro, os Al-Shabab tomaram, temporariamente, duas bases da AMISOM, mas a força africana não comunicou nenhum balanço dos ataques. Testemunhas locais relataram várias dezenas de mortos em ambas as partes.
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